O Bitcoin vai substituir o ouro como reserva de valor?
Há milênios que o ouro é relacionado à riqueza. Ao longo do tempo, o metal foi utilizado inúmeras vezes como “reserva de valor”, isto é, como uma forma de proteção de patrimônio, principalmente em tempos de crise na sociedade, como guerras. Entre muitos povos, a maneira encontrada para emigrar da terra natal em tempos de conflito e buscar vida nova em outros países foi, literalmente, carregar a riqueza da família “no corpo”, levando jóias e pedras preciosas.
Por conta da Covid-19, por exemplo, os investimentos relacionados ao ouro tiveram valor recorde em 2020. Inclusive, quem investiu no metal precioso na última década teve rentabilidade acima de qualquer outro tipo de ativo do mercado financeiro, com mais de 310% de valorização. Em segundo lugar, veio a Nasdaq, uma das bolsas de valores americana, que rendeu por volta de 306% no mesmo período.
O fator Bitcoin
É importante destacar, no entanto, que esse desempenho é considerado excelente quando comparado entre os ativos do mercado de capitais tradicional. Em 2010 o mundo via “nascer” o Bitcoin, primeiro criptoativo da história. Embora já existisse antes disso, foi apenas naquele ano que a criptomoeda passou a ter valor “intrínseco”, isto é, passou de fato a valer alguns centavos de dólar. Em 2021, a moeda digital chegou à sua máxima histórica, US$ 64 mil.
Ou seja: em 10 anos, o valor do Bitcoin foi multiplicado milhões de vezes, criando, inclusive, novos milionários e bilionários que compraram o ativo na hora certa — por conhecimento do seu potencial ou pura sorte.
Fato é que, com a popularização do Bitcoin, investidores de grandes fundos internacionais e até países começaram a fazer reservas de valor com o criptoativo, algo que historicamente é feito com investimentos em ouro. Segundo relatório do banco de investimentos Goldman Sachs, essa forma de utilização da criptomoeda como ativo de reserva deve crescer 50% nos próximos 5 anos.
Quais características podem tornar o bitcoin o “próximo ouro”?
Descentralizada, escassa e com inflação controlada
Por ser um ativo “sem dono”, isto é, não ser controlado pelo banco central de nenhum país, o Bitcoin não está sujeito às mesmas flutuações das moedas “comuns”, chamadas tecnicamente de “moedas fiduciárias”.
Além disso, há um fator que, independentemente da conjuntura econômica mundial, pode fazer o bitcoin ganhar ainda mais valor ao longo do tempo: ela é uma moeda que se tornará cada vez mais escassa ao longo do tempo. Isso porque a cada quatro anos acontece, automaticamente, um processo chamado “halving” que diminui pela metade a capacidade de os mineradores obterem novas moedas (caso não entenda como funciona o processo de mineração ou seja iniciante em criptos, leia este texto do nosso blog). Com isso, não será possível minerar novas criptos e, da mesma forma que qualquer ativo (como o próprio ouro), a quantidade limitada existente deverá fazer o seu valor subir e se estabilizar, tornando o ativo uma boa perspectiva para reserva de valor.
Por ser um tipo de ativo “novo”, ainda há muita desconfiança em relação ao futuro do Bitcoin. E, embora analistas de mercado estejam empolgado com as revoluções que a cripto poderá trazer para o mercado financeiro mundial, ativos tradicionais e confiáveis, como o bom e antigo ouro, ainda devem seguir em destaque por um bom tempo.